...Ao
olhar a janela exibindo seus finos filetes de luz no teto corre para ela com a
intenção de abri-la reunindo forças se coloca diante dela mas não consegue, nos
seus braços não há força, os ferrolhos estão emperrados ele então toma a
direção da escada e ainda meio cambaleante sobe a escada esfregando seu corpo
pela parede ao chegar no hall percebe que todas as portas estão fechadas, bate
de maçaneta em maçanete mas é em vão, as portas não se abrem ele debruça no parapeito
da escada já sem forças fecha os olhos se assenta com o rosto no balaústre e
como se dormitasse ouve passos na escada, vozes de crianças, patas de cachorro,
cheiro de um forte tempero, uma risada gostosa que costumava alegrar seu
coração. Nesse momento ele tem medo de abrir os olhos pois parece que a vida
havia voltado. Num misto de sonho e realidade ganha coragem e percebe que tudo
estava no lugar, as crianças corriam, as janelas estavam abertas não havia
poeira nem lençóis que cobriam os móveis, ela estava lá! Nunca havia saído, apenas
ele que não pertencia mais aquele mundo. Havia atentado contra a sua própria
vida, roubado algo que não era seu, abriu mão daquilo que recebeu de graça. Ele não
resistiu a vida, mas a vida apesar de tudo resistiu a ele, perdeu tudo em um
momento de desespero e percebeu que apesar dele, a vida sempre continua.
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