sábado, 25 de abril de 2015

Encontrando o caminho

...Ao olhar a janela exibindo seus finos filetes de luz no teto corre para ela com a intenção de abri-la reunindo forças se coloca diante dela mas não consegue, nos seus braços não há força, os ferrolhos estão emperrados ele então toma a direção da escada e ainda meio cambaleante sobe a escada esfregando seu corpo pela parede ao chegar no hall percebe que todas as portas estão fechadas, bate de maçaneta em maçanete mas é em vão, as portas não se abrem ele debruça no parapeito da escada já sem forças fecha os olhos se assenta com o rosto no balaústre e como se dormitasse ouve passos na escada, vozes de crianças, patas de cachorro, cheiro de um forte tempero, uma risada gostosa que costumava alegrar seu coração. Nesse momento ele tem medo de abrir os olhos pois parece que a vida havia voltado. Num misto de sonho e realidade ganha coragem e percebe que tudo estava no lugar, as crianças corriam, as janelas estavam abertas não havia poeira nem lençóis que cobriam os móveis, ela estava lá! Nunca havia saído, apenas ele que não pertencia mais aquele mundo. Havia atentado contra a sua própria vida, roubado algo que não era seu, abriu mão daquilo que recebeu de graça. Ele não resistiu a vida, mas a vida apesar de tudo resistiu a ele, perdeu tudo em um momento de desespero e percebeu que apesar dele, a vida sempre continua.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Pelas frestas da janela

As janelas estilo veneziana antigas, seguras por soldados bem chumbados na parede, fechadas com ferrolhos já quase emperrados pelo tempo deixavam vazar um fio de luz natural pelo qual podia ver a poeira numa dança bem sincronizada, conforme movia-se dentro da casa esbarrando em sentimentos, o semblante quase de dor expressava o que sentia enquanto se perguntava quantas dores é necessário  para formar um se. Em cada canto que ele tocava é como se voltasse a vida, explodia sentimentos enquanto ele remexia algumas gavetas, cada porta que se abria é como se ela o recebesse, em cada espaço uma lembrança. O interior da casa iluminada apenas por uma luz natimorta confunde sua mente criando ilusões, ele lembra das festas que terminaram e não passaram de momentos, da alegria que havia em todo aquele ambiente, agora apenas o silêncio mortal dominava o interior revelando a força de sua respiração, cada passo no assoalho por onde tanto andou era como um lugar desconhecido. O sorriso dela estava por toda parte, pedaços de uma história estava por todo lado, perdido dentro do seu próprio ambiente não sabia por onde começar, não tinha nenhuma ideia pois tudo parecia tão confuso em sua mente, os rastros de passado estavam presentes em cada detalhe nesse momento a inércia toma conta do seu corpo, ele encosta em uma parede e escorre para o chão como quem não tem o que fazer, ele lembra que precisa olhar para dentro mas não consegue, os braços caídos ao lado do corpo, o corpo pulsando enquanto mil pensamento devoravam a sua mente, nesse momento uma voz se destaca como se um alerta acendesse dentro dele dizendo para que ele abrisse a janela e deixasse a luz a entrar, imediatamente os seus olhos se volta para janela da onde pequenas frestas deixavam vazar a luz que ele tanto precisava... 

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Branco Gelo

Foi uma sensação estranha quando ele chegou na porta de sua casa depois alguns anos ausente, pisou no tapete empoeirado de boas de vindas na entrada e meio trêmulo introduziu a chave na porta, cuidadosamente abriu a porta que o recebia com um rangido devido ao tempo que ficou fechada, olhou para o interior da casa e viu todos os móveis cobertos, em passos lentos dirigiu-se até o meio da sala e como num giro olhou tudo a sua volta, o sofá de canto aonde por horas meditava, o tapete enrolado no canto da parede, os quadros pendurados e tortos decoravam a parede branco gelo anêmica e sem vida. andou mais um pouco e colocou-se  numa posição aonde podia ver vários cantos, repousou calmamente a sua mão sobre o corrimão da escada que leva a parte superior da casa e de repente foi tomado por alguns sentimentos, olhou na direção do sofá e avistou uma pequena mesa da onde exalava o cheiro do café companheiro de suas madrugadas, mirando a direção da cozinha ouviu as vozes dos amigos que se reuniam em volta da mesa, foi tomado pelo cheiro das invenções culinárias que volta e meia inventava para que a conversa ficasse ainda mais interessante. Os barulhos da casa ecoaram em seus ouvidos, as crianças deslizavam pelo corrimão, a cadela sempre atenta a qualquer movimento o olhava como se quisesse falar algo, sentiu cada abraço trocado naquele lugar e quando por um momento fechou seus olhos sentiu o perfume dela encher o ambiente como uma risada descontraída de um jeito bem despojado. Nesse momento foi tocado pelos seus cabelos, segurou firme o corrimão porque dentro dele uma dor o atingiu e uma voz que vinha do seu interior lhe dizia que nada daquilo voltaria. Já recuperado ele se recompõe, pouco a pouco começa a descobrir os moveis, e com o cuidado de quem edifica uma plataforma corrigi o nivelamento de seus quadros, o lustre calmamente balança como se percebesse algo, durante alguns segundos ele olha a mesa de jantar, testemunha de tantas alegrias e segredos. Uma pequena escultura de barro com as mãos ampara o queixo olhando para ele como se nela tivesse guardado um sorriso de alguém muito especial, ele enfim respira fundo e olhando para casa diz: Esta vazia!!! e numa pequena fração de segundos sente a sua alma dizer que bom
que você esta de volta a vida....