sexta-feira, 17 de abril de 2015

Branco Gelo

Foi uma sensação estranha quando ele chegou na porta de sua casa depois alguns anos ausente, pisou no tapete empoeirado de boas de vindas na entrada e meio trêmulo introduziu a chave na porta, cuidadosamente abriu a porta que o recebia com um rangido devido ao tempo que ficou fechada, olhou para o interior da casa e viu todos os móveis cobertos, em passos lentos dirigiu-se até o meio da sala e como num giro olhou tudo a sua volta, o sofá de canto aonde por horas meditava, o tapete enrolado no canto da parede, os quadros pendurados e tortos decoravam a parede branco gelo anêmica e sem vida. andou mais um pouco e colocou-se  numa posição aonde podia ver vários cantos, repousou calmamente a sua mão sobre o corrimão da escada que leva a parte superior da casa e de repente foi tomado por alguns sentimentos, olhou na direção do sofá e avistou uma pequena mesa da onde exalava o cheiro do café companheiro de suas madrugadas, mirando a direção da cozinha ouviu as vozes dos amigos que se reuniam em volta da mesa, foi tomado pelo cheiro das invenções culinárias que volta e meia inventava para que a conversa ficasse ainda mais interessante. Os barulhos da casa ecoaram em seus ouvidos, as crianças deslizavam pelo corrimão, a cadela sempre atenta a qualquer movimento o olhava como se quisesse falar algo, sentiu cada abraço trocado naquele lugar e quando por um momento fechou seus olhos sentiu o perfume dela encher o ambiente como uma risada descontraída de um jeito bem despojado. Nesse momento foi tocado pelos seus cabelos, segurou firme o corrimão porque dentro dele uma dor o atingiu e uma voz que vinha do seu interior lhe dizia que nada daquilo voltaria. Já recuperado ele se recompõe, pouco a pouco começa a descobrir os moveis, e com o cuidado de quem edifica uma plataforma corrigi o nivelamento de seus quadros, o lustre calmamente balança como se percebesse algo, durante alguns segundos ele olha a mesa de jantar, testemunha de tantas alegrias e segredos. Uma pequena escultura de barro com as mãos ampara o queixo olhando para ele como se nela tivesse guardado um sorriso de alguém muito especial, ele enfim respira fundo e olhando para casa diz: Esta vazia!!! e numa pequena fração de segundos sente a sua alma dizer que bom
que você esta de volta a vida....

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